terça-feira, 31 de julho de 2012

"O que seríamos de nós sem irmãos? Não poderíamos ser os caçulas, nem os mais velhos, nem mesmo os "do meio". Não poderíamos confidenciar sobre aquela paixão. Não poderíamos brigar pelo pedaço maior do bolo. Não teríamos em quem pôr a culpa pelo vaso quebrado. Não teríamos com quem jogar bola ou brincar de boneca. Não teríamos com quem conversar durante a madrugada. O que seríamos de nós sem irmãos? Tanta coisa que não poderíamos fazer. Tanto tempo que perderíamos tentando entender. Tanto amor não poderíamos compartilhar. É por isso que devemos agradecer pela dádiva que a vida nos dá, quando um irmãozinho nos chega pedindo colo e carinho, ou quando o mais velho nos chama para viajar. Quando temos aquele ombro amigo, depois da briga com o namorado. Ou simplesmente, quando eles estão lá, nos olhando admirados."

   Como já havia dito nos posts anteriores, há cerca de mais ou menos uns dois anos conheci a minha irmã biológica, Marina. Que por concidência também foi adotada por uma família MARAVILHOSA, que a criou super bem :)

   Apesar da distância, mas graças a tecnologia conversamos direito e sempre estamos por dentro da vida da outra, afinal, irmão é isso!
Agora, com 24 anos é que pude entender o que é ter um irmão ao seu lado, pra compartilhar tudo de melhor e de pior que acontece na nossa vida. E saber que ele, apesar dos pesares sempre estará lá, esperando por você.

  Este final de semana que se passou, foi o dia de receber a visita dela aqui em casa. Como sempre meus pais fizeram aquela comilança pra gente ^^ O bom é que conheci o meu cunhado (adoro dizer isso), que por sinal é uma excelente pessoa, acredito que a Marina esteja em ótimas mãos!
Apesar da visita ter sido super rápida (8h pra mim é muito rápido, sim) podemos nos atualizar e fofocar bastante... rs Coisas de irmã, né?!

   Só queria dizer a ela, o quanto foi bom conhece-la e o quanto é bom saber que a tenho SEMPRE por 'perto'.

Te amo branquinha ;)

sábado, 21 de julho de 2012

   Antes de aprofundar dentro do contexto da adoção, criticava severamente as instituições devido a burocracia que era gerada quando um casal entrava com um pedido. Só que o tempo passou e com ele a minha percepção crítica também.
Afinal, a adoção não é uma "venda de mercadoria" e muito menos uma troca. Adoção é assunto serissímo e que tem que ser sim avaliado de todas as formas possíveis e acompanhada de vários profissionias, incluíndo uma psicóloga ;) (vendendo meu peixe... rs).


   Hoje em dia, ainda existe aquele preconceito em adotar uma criança negra ou mestiça. Pesquisas datam, que cerca de 98% dos pais que são de cor branca, preferem filhos da mesma cor.
Oi? Vocês querem um filho ou uma mercadoria?
O gorverno do Rio de Janeiro estipulou que não poderiam mais escolher a cor, a idade e nem o sexo da criança. Muito bem colocado juíz, APOIO. Afinal, estes casais deveriam estar atrás de um filho e não de uma marionete.


   Quando eu disse no primeiro parágrafo que é importante que a família adotiva seja avaliada, é para não acontecer caso igual do Miguel.
"Vizinhos de bairro e namorados desde a adolescência, o bancário Olavo Costa Lima, de 38 anos, e a professora Maria Teresa Palomini, de 39, casaram cedo e logo quiseram ter filhos. Não demoraram a perceber que havia alguma coisa errada. Foram ao médico. Os dois tinham problemas de fertilidade. O de Olavo era irreversível. Havia a possibilidade de um longo tratamento para tentar a inseminação artificial, mas acharam que seria caro e desgastante emocionalmente, pois só 30% dos casos são bem-sucedidos. Em janeiro do ano passado, procuraram um abrigo. Queriam adotar uma criança de 2 ou 3 anos. No primeiro, no Rio de Janeiro, deram de cara com a história de Miguel, de 11 anos. Adotado dois meses antes, ele estava sendo devolvido. O motivo: não gostava de tomar banho. 'Ficamos horrorizados. Mesmo antes de ver o menino, mudamos nossos planos e nos candidatamos a tê-lo como nosso filho', completa Maria Teresa. No fim de semana seguinte, o casal conheceu Miguel. Muito calado, traumatizado com o episódio, foi taxativo com o casal: 'Se gostar de vocês, eu vou'. Foi. Mora com os novos pais há três meses.
Quando os pais chamavam a sua atenção, Miguel perguntava: 'Vocês irão me devolver?' Maria Teresa e Olavo respondiam: 'Claro que não! Você é nosso filho agora!"


   Estes sim são pais verdadeiros, os outros que devolveram me desculpe, vocês não querem um filho e sim um ser 'perfeito' para a sociedade.

sábado, 14 de julho de 2012

    Adoção é, sem dúvida, um gesto de amor.


   Quem gera filhos é genitor. Para atingirmos a condição de pais, precisamos mais do que gerar; é imprescindível estabelecer uma relação afetiva. Assim, todos os filhos precisam, sem exceção, ser adotados afetivamente. O grande desafio que temos diante de nós é transformar o puramente biológico em marcadamente afetivo. O filho adotivo não é uma prótese que venha substituir uma deformidade. Sem dúvida, procriar é uma condição dada pela natureza; criar é uma responsabilidade no âmbito da ética entre os homens. Procriar é um momento; criar é um processo. Procriar é fisiológico; criar é afetivo.

   Um filho traz a sensação de valorização, a oportunidade de produzir coisas boas, de poder trocar afeto. Assim, o tempo que levaram desde o início da idéia de adoção até o seu florescimento (buscar a criança), corresponde a uma verdadeira gestação.
  

  
   O Puerpério, período que dura mais ou menos 45 dias e corresponde ao pós-parto, é acometido de múltiplas emoções na qual a adaptação da criança aos pais se dá. Ao levar a criança para casa, os pais começam a praticar os cuidados com a criança, ou seja, alimentação, fraldas, troca de roupas, banho, etc. Durante esses cuidados diários a criança começa a adquirir o sentimento de pertencer àquela família, assim como os pais sentem que pertencem à ele. Todo esse manejo dá aos pais a sensação concreta que "criam" o filho, que ele é seu dependente e que precisa ser cuidado em tempo integral.

   O momento de buscar a criança para trazê-la para casa equivale emocionalmente ao Parto: a expectativa de como será este encontro, como a criança é, como reagirá, desperta muita ansiedade. Nesta ocasião, que será de grande emoção, os pais poderão ter reações as mais diversas e confusas, tais como medo, insegurança, alegria, esses sentimentos também permeiam o universo dos pais biológicos quando têm seus filhos.

  N
esse período, mais ainda quando o adotado é o primeiro filho do casal, os pais costumam sentir a responsabilidade de ter essa criança com eles, pode gerar dúvidas quanto ao erro ou acerto de tê-la adotado; pensam se vão sair-se bem nesta função, se são suficientemente bons, se estão preparados. Mas é também um período em que a vinculação entre pais e criança se estreita, onde o medo do abandono existe nos dois lados. Então, o menor gesto da criança de buscar auxilio dos pais representa a aceitação, daí todas as dúvidas são dissipadas porque aquela criança os reconhece como pais e os cativa.


   "Adotar é acreditar que a história é mais forte que a hereditariedade, que o amor é mais forte que o destino."

segunda-feira, 9 de julho de 2012

   Já dizia o ditado: "Mãe é quem cuida!"

   Como disse na minha primeira postagem aqui no blog, desde que me entendo por gente sei da minha história de vida. Meus pais graças a Deus nunca esconderam, nem de mim e nem de ninguém, e acredito que para eles isso é um motivo de orgulho, porque pra mim com certeza é :)

   As pessoas sempre me questionaram se eu conhecia a minha mãe ou se eu sabia quem ela era. De início falava que não, mas com o tempo e com o meu crescimento meus pais e minhas tias, foram me contando como era a vida da minha mãe biólogica. Em momento algum, meus pais a julgaram ou denegriram sua imagem pra mim. (Um ponto muito importante ao meu ver).

   Com o passar do tempo as pessoas passaram a me questionar mais sobre quem ela era e eu ficava irritada, afinal, tinha o direito de não querer conhece-la. Acho que pelo fato de ter uma presença materna bem definida em minha vida, essa questão biológica nunca veio em mente, porque pra mim, sempre fui e sempre serei filha do José Nogueira e da Selina.

   Por favor não me odeiem por isso, naquela época eu tinha outros pensamentos.

   Hoje, sinceramente agradeço a ela por ter me dado o dom da vida e agradeço ainda mais por ter pensado em mim primeiramente. Gente, colocar um filho pra adoção não é fácil, mas ela soube que não teria como fazer muita coisa por mim e de fato não poderia mesmo. Uma empregada que morava na casa dos patrões, comia e dormia lá, o que seria dela com um bebê novo? Com certeza, conhecendo os patrões como eu 'conhecia' sabia que não aceitariam. E ela fez a escolha mais sensata: adoção. Vocês sabem, ela teria outro caminho mais fácil, o aborto, mas não. Ela passou o cálvario comigo e me carregou até o final.
Obrigada Maria, por ter feito a escolha mais sábia de todas.


  Ahhhh... Conheci a Maria em dezembro do ano passado e também aproveitei para conhecer a minha outra irmã Eliane, que estava na época grávida da minha sobrinha Emily.
A Maria é uma pessoa humilde, de caratér e digna de todo o meu respeito!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

   Lendo algumas reportagens sobre adoção, deparei com um assunto bem interessante, relacionado aos sentimentos de pais e filhos adotivos.
Segundo uma psicóloga chamada Lídia Weber e a sua entrevista para o Globo Repórter, ela fala que o relacionamento entre famílias adotivas é ainda mais amoroso do que nas famílias biólogicas.

   Sério Lídia??? Porque pra mim, nem precisaria fazer uma pesquisa para descobrir tal feito. É só permanecer ao lado das famílias adotivas por 5min, que vocês perceberão como o AMOR entre nós é diferente. Em hipótese alguma estou desmerecendo o amor das famílias biólogicas, longe de mim fazer isso, mas cá pra nós, o nosso amor é MUUUUUUUITO maior :))) (risos)

   Acredito que o nosso amor é diferente porque fomos escolhidos e 'escolhemos' os nossos pais. Afinal, para quem adota sempre tem aquela opção de não quererem filho e optam por fazer o gesto mais lindo do mundo: que é acolher uma criança de outra pessoa. Uns podem pensar que é um gesto altruísta, eu penso que isso é uma escolha, que só quem é o escolhido de Deus consegue amar de forma tão pura e divina, um outro ser que não lhe pertencia.

   Graças a Deus, em meus 24 anos de vida nunca fui tratada como "a filha adotiva" e sim como a filha dos meus pais. E também nunca os vi como se tivessem feito um favor pra mim, os vejo como as melhores pessoas que o mundo poderia ter; pessoas de que o mundo precisa ter.

   Hoje penso em adoção como a primeira opção depois que me casar. Quero ter a chance de amar uma pessoa tanto como sou amada e, poder dar carinho, dignidade e respeito aqueles que estão na expectativa por uma família. Quem sabe, não consigo meus três filhos assim??? Já pensou que honra?! :D

quarta-feira, 4 de julho de 2012

   "... Não importa a raça das pessoas que compõem uma família. O amor, a amizade, o respeito entre elas não escolhe cor, nem tipo sanguíneo.
   Nenhuma pessoa é melhor do que a outra, os que nasceram da barriga, os que nasceram do coração, os que encontraram um abrigo seguro para viver, onde não há mãe e nem pai, mas amigos e pessoas solidárias.
   Somos todos importantes pois recebemos o maior presente que pode existir, que os índios chamaram de 'melmoara', que significa: GRAÇA DA VIDA!"

   Retirei este pequeno fragmento de um livro muito interessante, chamado Manuela, da autora Regina Rennó.

   O livro traz a história de uma criança chamada Manuela, que é negra e filha adotiva de um casal branco. A menina precisa contar aos coleguinhas como foi o primeiro olhar dos pais, o primeiro banho, a primeira ida a escola e o fato da mesma ter a cor diferente da dos pais.
Achei bacana que historinha vem como uma linguagem clara e bem colorida para ser contada a outras crianças, de uma forma tranquila sobre a adoção. Este conto pode ser até uma oportunidade dos pais adotivos que ainda não fizeram "a grande revelação" contarem para seus pequenos a maneira como eles chegaram até eles.

   Estou encantada com o livro e vou ter que lê-lo novamente antes de dormir. Um mimo gente, super recomendo!!!

   Ahhhh... Sem contar que ele faz várias perguntinhas para a criança sobre como foi o nascimento, como foi a escolha do nome, se a criança tem apelidos, quem mora com ela e assim por diante.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

"O filho é a resultante esperada da relação homem-mulher; é como se o equilíbrio se completasse a partir de um terceiro referencial. É o filho que dá sentido ao casal. Sem dúvida, é da interação dessas três forças – que oferecem, reciprocamente, apoio e harmonia no sistema de dar e receber – que surge a verdadeira unidade."

   Pesquisando sobre qual o significado da palavra Família, a definição mais sensata que achei foi: A família é unidade básica da sociedade formada por indivíduos com ancestrais em comum ou ligados por laços afetivos.
Acho que a última parte combina mais com esse blog, né?!

   O primeiro laudo que dei como psicóloga, foi justamente em um caso de adoção. Sei que como profissional não poderia me envolver tanto (como fiz), mas sou ser humano e também cometo meus erros e este, foi o melhor erro que poderia cometer.

   Tinha o costume de dizer que Deus escreve certo por linhas tortas, mas no dia 15 de junho percebi que não. Percebi que Deus escreve certo por linhas certas. Estava na clínica a espera do meu paciente, quando a mãe dele chegou com duas senhoras aparentemente abatidas.
Conversamos um pouco e elas me contaram sobre o calvário que estavam passando por conta da adoção.

   Uma das senhoras havia adotado uma criança a cerca de 4 anos. Estava com a guarda provisória e a declaração da mãe biólogica que passava totalmente a guarda da criança para esta família. Porém, após 2 anos, a mãe se arrependeu e quis a filha de volta.
A questão é: a mãe biólogica tem duas passagens na polícia por agressão e não tem condições financeiras e nem psicólogica para cuidar da mesma.

   Vocês devem ter achado que dei somente o laudo para comprovação de como estava a vida da criança neste lar afetivo, né?! Errado... Dei o laudo porque o juiz da vara da infância decretou que a criança deveria IMEDIATAMENTE voltar para o lar biológico! Oi? Como assim??
Acho que vocês podem imaginar o tamanho do susto que levei. Afinal, como é possível um homem que estudo uns 10 anos para chegar onde está e dizer que a família adotiva não representa nada na vida daquela criança? Será que esse juiz nunca leu a Lei 8069??? (Quem quizer saber mais aqui esta o link)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm 

Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

   Porque na verdade o filho adotivo não vem de fora; vem de dentro, como de dentro vem o filho biológico. Isto é, o filho que se adota é o filho que, afetivamente, é “gestado” no psiquismo de seus novos pais. Ou seja, o amor ao filho. Não precisamos conhecê-lo para que o amemos. O amor é a consequência de uma disposição interna que se estabelece independente de termos um arsenal de informações a respeito do filho. Poderíamos dizer até, que ao filho amamos antes de conhecê-lo, como continuamos amando apesar de chagar a conhecê-lo. Nós o amamos apesar de não saber como ele será e, mais ainda, permanecemos amando quando sabemos quem ele é verdadeiramente.

E como sempre digo: "O filho adotivo tem que nascer dentro do coração das pessoas, do peito, da alma. Então, o filho que chega não tem o nosso código genético, nosso DNA físico, mas vai ter o DNA da nossa alma."



Obs: O casal entrou com um novo recurso e estou aguardando a nova decisão do juiz. Vamos torcer que tudo dê certo para eles :)